Meio dia. O pequeno e frágil portão de ferro todo já
enferrujado se abre. Vem saindo da casa à mãe e seu filho, ele vestido com seu
uniforme da escola. Segurando a mão do filho caminham até a calçada e de lá
seguem em direção ao rumo da escola. A casa fica situada em um bairro calmo, e
apesar do horário só se enxergava eles andando pela calçada. Era uma casa de
esquina e logo os dois a viraram subindo a rua. E, desapareceram de minha visão
do local de que eu estava sentado. Não demorou muito e da mesma rua desceu
rápido um rapaz de bicicleta, era um açougueiro. Era fácil saber pela sua roupa
de trabalho. Virou a esquina, mas em direção oposta da casa do menino e sua
mãe. Pedalava rápido, tudo indicava que estava em seu horário de almoço e é
nesse momento que penso.
É engraçado notar que passamos a vida toda programados,
fazendo sempre as mesmas coisas em determinadas épocas. A mãe, saindo todos os
dias úteis da semana ao meio dia para levar o seu filho na escola. Isso é tão
automático que agimos naturalmente ao aproximar do horário. O menino terá de
estudar, por muitos anos. E às vezes esse seu estudo é muito precário. Quando
ele terminar terá de logo escolher uma carreira, e terá de estudar mais tempo.
E depois de se formar, terá de trabalhar, para poder ser “alguém” na vida.
Precisa sustentar a família, precisa quem sabe dar o estudo agora para o seu
filho, e lá se vai mais anos trabalhando, construindo sua casa, sua família.
Com muito esforço depois de muitos anos, já está velho demais para poder fazer
coisas que antigamente adorava, mas não tinha tempo, porém agora ele tem “tudo”
o que sempre quis. E aí morre.
Que legal. Qual a razão disso tudo? Eu me pego pensando
nisso várias vezes. Estamos presos em um sistema. Somos iguais aos animais
criados pelo McDonald’s, por exemplo... Nascem, vivem e morrem. Todo esse
trajeto de vida foi para gerar mais dinheiro para alguns... Vivemos correndo
atrás de várias coisas, e muito delas nas melhores épocas da vida para se
aproveitar. Temos de estudar, e estudar, e depois trabalhar feito condenado,
gerando mais dinheiro para muitas pessoas que não te valorizam e se você
“quebrar” te substituem rapidamente. Você constrói tudo que imaginou e sempre
quis, com muito esforço, com muitos anos de trabalho, para que depois de tudo
isso você estar no fim, sem poder aproveitar e acabar morrendo. Tudo que você
fez, não tem mais importância, não valerá nada mais para você, não levará nada.
A sua casa, o seu carro, os seus terrenos, jogos, troféus, diplomas etc... Tudo
ficará. Além da dor que causará para os mais próximos, que por eles trocariam
tudo isso para lhe terem de volta. Que piada mais sem graça a vida nos prega.
Tem aquele quem diga que a vida é melhor após a morte, mas ninguém quer morrer
para isso. E até hoje nunca foi confirmado realmente se existe, e mesmo
existindo você não terá o contato...
Então eu penso, “Vale mesmo a pena levar a vida assim como
é? Trabalhar e trabalhar, matar horas cruciais do seu sono por causa de estudo
e trabalho. Se estressar por pessoas que não valem nada para o mundo. Brigar,
ficar com ódio de coisas inúteis e ignorantes desse sistema idiota do mundo?”
Isso aos poucos vai lhe matando, sem perceber, sua vida vai diminuindo.
No fim é sempre da mesma forma como já comentei por aí...
Siga a vida da forma que você queira e lhe deixe feliz. Não se importe pelo o
que vão dizer. Viva, aproveite cada oportunidade que puder nesse pouco tempo
que tiver. Mas é claro, sem trazer consequências piores no futuro. Não se
importe com o trabalho, seu chefe, seu estudo que não está dando certo. Se
puder, largue tudo. São apenas momentos ruins. Sinta-se feliz, e aproveite tudo
que vier. Pois amanhã, podemos não fazer...
Nenhum comentário:
Postar um comentário